Por que brasileiro ex-Barcelona fez banana para torcida do Real Madrid
“O polêmico”.
Giovanni ri ao responder sobre o duelo entre Barcelona e Real Madrid mais marcante de sua carreira. Ele sabe que é impossível pensar em El Clásico e não citar o seu lance mais icônico, que aconteceu em novembro de 1997.
Após fazer o terceiro gol da vitória catalã por 3 a 2 em LALIGA no final do segundo tempo, ele comemorou com o famoso gesto de “banana” em direção aos torcedores merengues em pleno Santiago Bernabéu, o que gerou muita repercussão.
“Vinha de uma lesão, queria muito jogar, fiquei no banco e até achava que não ia entrar no jogo, mas me colocaram (no lugar de Stoichkov). E quando eu fiz o gol foi uma coisa espontânea! Não pensei nada e não foi premeditado”, disse, em entrevista exclusiva à ESPN.
“Dei a banana, a butifarra que eles chamam. Os brasileiros que estavam lá, o Roberto Carlos, agitaram muito e disseram que era uma ofensa grave. Eu tentei amenizar, mas não deu”.
Apesar de ter sido defendido publicamente pelo colega de time Ronaldo Fenômeno, que havia feito o mesmo gesto contra o Atlético de Madrid e não havia recebido punição, Giovanni levou uma multa e um gancho de dois jogos.
“Os torcedores do Barcelona até hoje falam disso porque ficou marcado. Do outro lado, o pessoal ficou muito bravo: a imprensa, os torcedores… Eu recebi cartas de ameaça, porque sempre que a gente vinha para o Brasil, eu passava por Madri”.
La butifarra de Giovanni >>>>>> pic.twitter.com/eSPQd7o9q1
— Juancho (@chardo_FCB) March 19, 2014
Com cinco gols no Real, o ex-jogador é o terceiro brasileiro que mais balançou as redes em El Clásico. Empatado com Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo, ele está atrás apenas de Ronaldo Fenômeno e Evaristo de Macedo, ambos com seis.
“É muito bom fazer gol em um clássico de nível mundial. Todo mundo vê esse jogos e é uma grande satisfação poder fazer parte dessa história do Barcelona”.
Carreira
Giovanni era um dos principais jogadores do futebol brasileiro quando foi negociado pelo Santos com o clube catalão, em 1996. Ele conta que as tratativas não foram fáceis quando desembarcou na Espanha.
“Foi uma grande surpresa. Nunca imaginei que estavam interessados no meu futebol. Foi um motivo de muita alegria porque não é fácil para um jogador que veio do Norte chegar à Europa, ainda mais em um clube tão grande”.
“As negociações começaram mais ou menos às 18h e terminaram às 4h. Estava um impasse sobre a porcentagem do meu passe e com os clubes. Mas no final deu tudo certo”.
Ao chegar no Camp Nou, o brasileiro assumiu a camisa 10, que havia sido usada antes por astros como Romário e Maradona.
“Foi muito marcante. Só o fato de estar jogando lá já era um grande feito”.
Os primeiros meses na Catalunha não foram fáceis. Giovanni conta que teve dificuldades para se adaptar ao estilo de jogo do técnico inglês Bobby Robson.
“Eu tive um início muito bom, mas o Bobby Robson era um treinador que gostava mais de atletas que corressem e que fossem mais pegadores. Naquela época o futebol brasileiro era muito diferente do europeu”.
“O treinador não gostava muito do meu futebol. Fiquei muitos jogos no banco de reservas. Tinha um pouco de dificuldade nesse ano, mas depois as coisas fluíram normalmente”.
Apesar disso, ele foi uma peça importante nas conquistas da Copa do Rei e da Recopa da Europa naquela temporada. No meio de 1997, o Barcelona resolveu mandar o treinador embora e trazer o polêmico Louis van Gaal. Logo que chegou ao time na pré-temporada, o holandês deixou claro que não contaria com o brasileiro.
“Ele disse que queria um ponta esquerda e iria me trocar pelo Denílson, do São Paulo. Fiquei um pouco chateado, mas a troca não deu certo. Em seguida, ele chegou no meu quarto e disse: ‘Você vai ficar porque tem contrato, mas eu não conto com você’. Caramba, não entendi nada”, afirmou.
“Mas eu fui tão bem nos amistosos, sempre fiz gols, que o Van Gaal mudou de ideia: ‘Eu pensei em te dispensar, mas eu vi que você está bem e eu conto com você’. Foi o meu melhor ano”, recordou.
Torcida pelo Barcelona
Com a confiança do treinador, ele brilhou no Barcelona: foram 18 gols em 41 jogos disputados.
“Joguei praticamente todos os jogos. Isso me levou para a seleção brasileira para a Copa do Mundo de 1998. Tinha tanta moral que as jogadas de tiro de meta mandavam o goleiro quebrar em cima de mim para que eu dominasse a bola”.
Giovanni fez de cabeça o gol na vitória contra o Zaragoza no Camp Nou que deu o título de LALIGA em 1998. O brasileiro também faturou naquela temporada a Copa do Rei.
No entanto, na temporada seguinte, Van Gaal trouxe vários jogadores holandeses e Giovanni perdeu espaço. Em 1999, ele deixou o Camp Nou para virar um grande ídolo no Olympiacos, da Grécia.
Mais de 24 anos após ter saído do Barcelona, Giovanni ainda mantém uma ligação com o clube catalão. Seja jogando no time de masters Barça Legends ou como embaixador de LALIGA Football School.
“É sempre bom estar com a criançada e ensinar o método que o Barcelona tem. Não é só pra revelar jogadores, mas também para formar o cidadão. E é isso que o Barcelona leva para toda a parte do mundo. Faço contando um pouco da nossa história”.
“A gente sempre torce para o Barcelona! Que seja um grande jogo contra o Real Madrid e que as pessoas possam desfrutar de um bom futebol. Espero que o Raphinha se saia bem. A gente sabe da rivalidade e da emoção que sente na semana do clássico”.
Onde assistir ao El Clásico entre Barcelona e Real Madrid?
Barcelona x Real Madrid, neste sábado (28), às 11h15 (de Brasília), por LALIGA, tem transmissão ao vivo pela ESPN no Star+.
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